Essa postagem é a que há mais tempo está parada, aguardando publicação, fazem parte dela fragmentos que escrevi durante a lava jato, pandemia, guerra e muito micro momentos entre esses eventos. Para muita gente, já tive a oportunidade de dizer muita coisa do que penso, então para esses os primeiros trechos possam soar repetitivo.
Particularmente, não vejo perspectiva de melhoria para o Brasil, já assimilei que vou morrer sem ver o Brasil melhorar, e quando falo melhorar é substancialmente, para valer, sem medidas popularescas insustentáveis. Melhorias que eventos externos não abalam, como, por exemplo, educação de qualidade e igualitária. No Brasil não há nenhuma das duas coisas, em qualquer índice de qualidade de ensino, estamos na rabeira desde sempre. O exemplo da educação, não foi à toa, acredito ser a raiz de todos os problemas ou seria a solução destes se fosse de qualidade, clichês como “manter a população na ignorância, por conveniência” se demonstram tão reais, passam de geração a geração, os estragos são incalculáveis, hoje, comumente se mensura a qualidade de um governante, pelos shows, carnavais e isenções que propicia. Quando tomam alguma atitude, relacionada à educação (para seguir o mesmo exemplo), é somente como medida populista, de cunho superficial, sem atacar de fato a raiz do problema, assim é com a educação, bem como com saúde, infra estrutura…
O Brasil vive um ensaio democrático, a meu ver, longe de ser democracia, que aqui é vista tão somente como a obrigação de votar, sim, aqui é um dos poucos países que é obrigatório votar. O motivo? Seguindo o clichê exemplificado no parágrafo anterior, cumprindo assim o plano de poder. E esse círculo vicioso já perdura há gerações, não vejo mudança drástica no longo prazo, corroborado pelo cenário atual, em que temos dois extremos (também por conveniência mútua), um alimenta o outro, um não existiria sem o outro. A democracia no Brasil é algo tão singelo e frágil, objeto de dois golpes, de Getúlio Vargas (que pouca gente sabe, porque vive numa bolha) e posteriormente dos militares, leis, as quais são relativizadas a depender do réu, como ter esperança? Acredito que só é possível ter esperança alguém totalmente desligado ou favorecido por essas questões. E não ter esperança não significa depressão, tristeza, muito pelo contrário, é ter consciência de que qualquer mudança em minha vida depende de mim. Hoje, por exemplo, segundo turno entre Lula e Bolsonaro, independente de quem ganhe, vou ter que continuar “ralando” e muito.
Falando nessas eleições de 2022, neste segundo turno, o último debate, no Jornal Nacional, foi o único que assisti, porque me recusei a ver esse show de horrores, mas mesmo assim, foi uma grande perda de tempo, porque tem algo que não tolero, subestimarem minha inteligência, que não é grande coisa. “Lula dizendo que foi absolvido? Só se for pelo Bonner… Acho que o Bonner vai ser indicado para um impossível governo teu para ser ministro do Supremo Tribunal Federal”, disse Bolsonaro no enfático debate. E muitas pessoas se perguntam Lula foi absolvido ou não? O ex-presidente Lula não foi absolvido das condenações contra ele. As condenações foram anuladas por motivos técnicos e não foram reavaliadas e julgadas por outro magistrado porque o processo prescreveu, no Brasil idoso não responde a crimes. O réu só pode ser considerado absolvido se provado que ele não cometeu nenhum crime, ou seja, é necessário que haja julgamento. Votou no Lula? Ok. O voto é seu. Agora, falar que ele foi absolvido, que ele não fez nada, se poupe. Da mesma forma, quem fala que não tem corrupção no governo Bolsonaro é no mínimo inocente ou tá se fingindo de bobo. Racionalmente gastam milhões em uma campanha para ganhar menos de trinta mil reais por mês, a conta não fecha (oficialmente), você realmente acredita que alguém quer ser presidente para salvar os pobres? Não gosto de nenhum dos dois candidatos. Para mim, é escolher o menos pior. Sim, e remetendo ao segundo parágrafo, não haverá milagres. E se você acha que isso é ficar em cima do muro, ser isentão, eu não tô nem aí!
Porque no meio de tanta gente que escolhe um lado só para se enquadrar em uma panelinha, se sentir parte de um grupo, eu prefiro ser sincero e não me sentir representado por nenhum dos dois.
Mas vamos lá, sobre o último debate do segundo turno de 2022, lamentável, né? É engraçado ver a reação da galera nos prédios. Gritos a cada resposta. Parecia jogo de futebol. As pessoas estão realmente muito doidas comemorando falas de político e como eu disse, além do clichê da ignorância, tendo “pão e circo” basta. É triste. É triste ver a situação do país com dois candidatos desse nível. Aí você fala qualquer coisa, você está errado. Ah, Bolsonaro, “você é fascista”, você é Lula, “vai para a Venezuela”. Ouvi muito dizerem que sou “isentão”, porque me recuso a cair num movimento de massa que, a meu ver, sempre é burro. Me recomendaram sair do país, olha se eu pudesse, nesse momento estaria bem longe.
As pessoas perderam o respeito, a noção. A situação chegou em um nível onde amigo tira a vida de amigo por política, família, casais se separam, por política, o tio já não vai mais no churrasco de família. Seria bom se as pessoas tivessem estudando sobre política, mas não estão, afinal a grande massa não sabe interpretar um texto (a educação de novo). Elas estão torcendo por times, no caso partidos, comemorando gol de atacante, no caso, falas, lacração de candidato em debate. Aí você pergunta pro cara que coloca foto do político de estimação no perfil dele; o que faz um deputado? Qual projeto de lei o seu candidato está propondo? Aí o “meu” candidato que não presta, mas ele nem conhece o dele.
Muita torcida, pouco conhecimento sobre o assunto e muitos memes em redes sociais, que já provaram ineficiência total. Claro que tem muita gente que sabe o que está falando, mas muitas vezes utiliza de seu conhecimento para influenciar, alienar e não esclarecer a maioria que não sabe. E antes de me culpar, olhe no espelho, o que lhe motiva a votar? Você estuda política? Você sabe pelo que você está brigando? Você sabe exatamente o que você está falando? Ou você é só mais um papagaio compartilhando coisa do seu candidato, coisas que seu grupo compartilha? Já parou para pensar nisso? Isso aqui vai muito além de Lula e Bolsonaro, a lavagem cerebral que os mais aficionados sofrem dos dois lados.
Ouvi muito coisas do tipo “falou, falou, falou e não falou nada”. Em quem você vota? Vai mudar alguma coisa, dizer quem eu vou votar? Em qual menos pior eu vou escolher? Mais um pro nosso lado? Ou mais um inimigo? Isso é patético, atestado de burrice. Por exemplo, já terminei relacionamentos por esse tipo de coisa, não consigo conviver com gente que não lida bem com opinião contrária, com gente burra, de novo, não tem nada a ver com a escolha em si, Lula ou Bolsonaro, mas tem a ver com alienação, desequilíbrio mental, extremos e generalizações e esse tipo de coisa uma hora vai influenciar na convivência.
Bom domingo.