Atualmente temos ouvido se falar “esquerda” e “direita”, dentro do âmbito político brasileiro, mais do que nunca. Há ainda quem defina seu baseamento e crenças políticas, tendo como base exclusivamente estes vieses, muito antigos. Ainda hoje são aplicáveis? Representam a realidade na prática?
Essas ideologias sugiram no século 18, quando a então burguesia buscava minimizar os poderes do clero e da nobreza, com apoio da população mais pobre, na primeira etapa da Revolução Francesa. Já na Assembleia Nacional Constituinte, para se criar uma nova Constituição, os mais ricos não gostaram da interação dos mais pobres, preferindo assim não se misturar, separadas então no lado direito. Assim, o lado esquerdo foi ligado à luta pelos direitos dos trabalhadores, e o direito do conservadorismo e à elite.
Desta forma, dentro desta visão, a esquerda era presumida pela luta dos direitos dos trabalhadores e da população menos favorecida, participação de movimentos sociais e minorias. Já a direita seria representada por conservadorismo, comportamento tradicional, busca de perpetuação de poder e promoção do bem estar individual.
Com o tempo, ambas expressões foram utilizada em outros contextos; como os partidários que se posicionam contra as ações do atual regime (oposição) seriam “de esquerda” e os defensores do governo em vigência (situação) seriam o lado “de direita”, independente dos partidos que estejam na oposição ou situação.
Filósofos contemporâneos acreditam que ambos lados realizam reformas, tendo como tênue diferença a busca pela promoção da justiça social pela esquerda, enquanto a direita lutaria pela liberdade individual.
Com a queda do Muro de Berlim, um novo cenário se abriu, com o extermínio da polarização URSS X EUA. Por isso hoje, ambas ideologias “esquerda” e “direita” parecem não cobrir a pluralidade política do século 21. Também não quer dizer que a divisão não faça sentido, talvez apenas queira dizer que “direita” e “esquerda” não tenham ideias fixas, para sempre, podendo definir ideais mutáveis de acordo com os tempos e situações.
Ambos em seus extremos, “esquerda” e “direita”, representam movimentos igualitários e autoritários, como comunismo e fascismo, respectivamente. A diversidade é tanta que minimizar conservadores, democratas cristãos, liberais, nacionalistas, social democratas, progressistas, socialistas democráticos e ambientalistas em direita e esquerda se torna uma árdua tarefa nos dias de hoje, ainda mais no Brasil.
Há ainda a posição de “centro”.
Esse pensamento na teoria consegue abraçar ideias do capitalismo e a preocupação com o social, além de maior tolerância e equilíbrio na sociedade. Podendo ainda estar mais alinhado com políticas de esquerda.
Tomar um posicionamento político apenas por meio do viés partidário, geralmente é uma armadilha cheia de estereótipos, já que esta visão binária não reflete a sociedade, suas contradições e complexidades. Não existe um ponto final comum de esquerda e direita, uma vez que existem várias esquerdas e direitas, associadas a uma grande gama de correntes políticas.
A dificuldade de se definir ou elencar tais diferenças talvez ainda sejam mais complexas no Brasil onde a particularidade da chamada “coalizão” consegue o milagre da unificação de elementos teoricamente tidos como diferentes, por meio de acordos partidários (geralmente para ocupar cargos no governo) e alianças (dificilmente em torno de ideias ou programas).
No final das contas, na prática, as diferenças teóricas servem somente para propaganda política.