Pelo menos em várias redes sociais que uso, pipocam animações, “reflexões”, ilustrações… sobre o porque de ser ateu, como uma espécie de justificativa. O interessante seria se fossem de fato reflexões e que tentassem ao menos vislumbrar os dois lados…
No fundo, me entristece saber que as pessoas de certo modo dizem não acreditar em nada e ao que parecem tendem a ter necessidade de demonstrar isso para os outros, como uma auto afirmação de independência. E pior, a maioria destas pessoas por serem “letradas”, graduadas cientificamente, ou apenas o acharem que são, tomam como uma espécie de justificativa indireta o fato de “estarem” em um patamar superior e que, acreditar em algo de certa forma abstrato é popularesco e corriqueiro demais para alguém tão, especial.
O fato de ter estudado filosofia, fez com que eu tivesse essa inquietude despertada, para a vida e seu sentido. Hoje acho que, seria muito mais fácil, mais simples, “largar de mão”, simplesmente não acreditar em nada e viver a vida de forma própria, por minhas próprias regras. Só que isso é um paradoxo, uma falácia. O homem, não tem escolha, há a necessidade de ser de certa forma subjugado, embora os “letrados” acham que não são. Em última instância sempre somos submissos a alguém ou a alguma força externa, sejam os pais, chefe, governo, sol, chuva e a própria morte.
Também acho que a maioria dos ateus se decepcionaram com discursos de homens, que foram denominados por outros homens como pastores e padres, com imagens feitas por homens, com interpretações de homens, que são iguais a nós, sem diferença alguma. Concordo com todas essas afirmações, mas isso não é o suficiente para me tornar um incrédulo. Essa forma de viver que julgo ser muito mais fácil, cheia de atalhos e de certa forma inconseqüente é que me entristece, acho que ainda me importo, muito com os outros. Quando digo isso, não estou querendo trazer você para a minha religião (até porque não sigo uma), mas o simples fato de viver por viver me soa bastante vão.
O que me leva a ter certeza que existe algo superior é o funcionamento perfeito de tudo, sem intervenção humana, a fotossíntese de um vegetal qualquer, a rotação da Terra que não atrasa nunca, e a forma como tudo é administrado, “por conta própria”. Isso sem mencionar a vida humana e sua incrível racionalidade, capacidade de inventar e criar coisas que nenhum outro animal consegue. Esse tipo de coisa, me deixa em conflito com teorias como o “big bang”, ou qualquer outra teoria de criação, que tenta me levar a crer que tudo surgiu assim perfeitinho “do nada”.
No final das contas, ter fé vai além de ter religião, acreditar no amor, que o parceiro te ama, acreditar no horóscopo do dia, acreditar na existência do ar… A questão é, até que ponto ser incrédulo é possível?
Acreditar no humano em suma. Acreditar que o amor é possivel. Mas como diz Pacal ” o coração tem razoes que a razão desconhece”
Mas sera que a fé terá que ser a da submissão ? Ou vc falará de entrega. Da capacidade de entrega e da reciprocidade ?
E a fé ? Gostei da sua visão de fé nao necessariamente religiosa, mas da atitude religiosa face à vida. Do luto da nossa omnipotência.
Também não gosto da idéia de submissão, mas a idéia de que existe algo superior me parece irrefutável…
Claro quem somos nos? Seres omnipotentes ou seres à rasca com a nossa finitude? Estamos todos confrontados com a angustia de morte